eu e Marilyn Monroe & o Outro

ISBN 978-85-7871-007-1
Carlos Domingos Mota Coelho
128 páginas | 14 x 21cm
R$ 39,00

Um eu, uma Marilyn, fichas, burocracias e o mundo visto pelo olhar de um funcionário público. Pleonasmo ou redundância existencial? No meio de tudo isso aparecem paisagens vislumbradas por um leitor que escreve, lê e, de novo, reescreve e reescreve seu texto-ficha. No inconsciente, leituras e mais leituras feitas em bares. Essa é a trama que enreda a história de eu e Marilyn Monroe & o Outro. Uma narrativa humorada, às vezes, ácida em sua crítica às desventuras da corte. Na narrativa há um nome (Marilyn) e além do nome o jogo pronominal e se não fosse pouco se tem ainda o protagonista-narrador, um funcionário público envolto com arquivos e fichas. Fichas que passam a ser sujeito destinador de sentido, uma vez que o narrador dota-as de sentido e sentimento. E sentimento também é o que indica o sentido do mito. Marilyn ainda alimenta o imaginário do homem moderno.

Texto da orelha

“Servidor público que sempre fui e enquanto sou.” Esta é a personagem principal de eu e Marilyn Monroe & o Outro, o protagonista de um livro, eu-narrador da própria história em confronto com o Outro. Abstém-se da comunicação, autoensimesmando-se, mas cumpre o ritual da rotina na frequência ao bar, ao sebo, na jornada de trabalho e no malviver na pensão barata em que mora sozinho. Consome cervejas, petiscos (os tira-gostos) e livros do cânone universal, mas escraviza-se aos arquivos assolados por ácaros, poeira e outros bichos. Cabe-lhe preencher infinitamente fichas e mais fichas, com o histórico de cada funcionário. Seu envolvimento é tal com a tarefa de preencher cada ficha com uma máquina de escrever, que dela se faz íntimo: “Querida Ficha”. Torna-se epistolar o seu relato da vida do estereótipo de um amanuense, um barnabé que conhece as intrigas de todas as carreiras que armazena indefinidamente, entre vivos, mortos e afastados, em seu Arquivo de Pessoal. Mas prevalecem seus Arquivos do Cérebro, os livros que leu, pagando-os pela leitura, sem comprá-los.

Onde entra Marilyn Monroe nesta vida obscura e ensimesmada, escravizada ao mesmo do mesmo nos subterrâneos dos papéis velhos e ácaros, em tempo ainda pré-digital? Um Outro, que se abre do espelho, insinua-lhe que ele seduziu Marilyn Monroe; ou poderá seduzi-la? Ao mesmo tempo que o incomoda, move-o a elucubrações com essa Vênus da modernidade, ameaçando-lhe com o próprio fato de que “Marilyn não havia morrido”: “Quando a espreitei pela primeira vez, um frio me subiu pela espinha, pois a tomei por Marilyn Monroe.”

Tal dilema leva-o a ansiar por um dilúvio particular. O dilúvio particular de um funcionário público e seu Outro. O que Marilyn Monroe poderá fazer com ele? Ou ele com ela ao evocá-la em sua angústia rude? O seu poder de sedução irá massacrá-lo mais que a escravidão burocrática que ele mesmo cria com sua Máquina de Escrever e sua Ficha infinitamente a preenchê-la?

Só o texto e seu contexto, criação do autor, poderão nos fazer ver o real retrato desse anônimo funcionário público, num tempo passado, porém ainda presente. A essência burocrática é a mesma, em quer que plataforma se opere cada anotação, infinitamente.

Repasse a todos
  • email
  • RSS
  • Twitter
  • Google Bookmarks
  • Tumblr
  • PDF
  • Print
  • Facebook
  • MySpace
  • Digg
  • del.icio.us
  • Add to favorites

One response to “eu e Marilyn Monroe & o Outro”

  1. : Lançamento da Musa Editora na Bienal do Livro São Paulo 2010 – Sábado, 21 de agosto eu e Marilyn Monroe & o Outro, de Carlos Domingos Mota Coelho

    [...] Sapo Apaixonado – uma história inspirada em uma narrativa indígenaLiteratura Nacionaleu e Marilyn Monroe & o OutroAzizaDevoradoresLiteratura EstrangeiraBiografia de Maquiavel – Roberto RidolfiQuatro Peças [...]

Leave a Reply