O Sapo Apaixonado – uma história inspirada em uma narrativa indígena

ISBN 978-85-85653-87-3Donizete GalvãoIlustrações de Mariana Massarani32 páginas | 18x18cmR$32,00

Desde criança, em Borda da Mata, Sul de Minas, Donizete Galvão ouvia a lenda de que se um sapo grudar na mão de um menino só sairá dali quando houver uma trovoada. Para sua surpresa, foi encontrar um caso semelhante nas narrativas dos índios Gavião recolhidas por Betty Mindlin e Sebirop Catarino, entre outros narradores, no livro Couro dos Espíritos.

Livremente inspirado nesse curto episódio, O sapo apaixonado fala, de maneira muito bem-humorada, do respeito à natureza, das regras da convivência com ela e leva o jovem leitor ao universo mitológico dos indígenas. Piapá vai ter que aprender a conviver com um sapo agarrado em sua mão e passar por muitas desventuras. As ilustrações de Mariana Massarani remetem o leitor para o imaginário dos índios Gavião.

Donizete Galvão é autor de seis livros de poesia, ganhador do Prêmio APCA de Revelação de Autor, duas vezes indicado para o Prêmio Jabuti e seu último livro, Mundo mudo, foi indicado para o Portugal Telecom. O sapo apaixonado marca sua estreia na literatura infanto-juvenil.

Prefácio de Betty Mindlin:

O poeta Donizete Galvão gostou tanto dos mitos dos índios do povo Gavião-Ikolen, de Rondônia, que se inspirou em um dos relatos, “O sapo Tsüb”, para escrever esse livrinho. Em sua infância, ele ouvia em Minas um conto popular muito parecido, e a semelhança chamou-lhe a atenção. A ideia principal, espantosa, é dos índios: um sapo que passa a ser extensão de um corpo humano, pelo menos durante uma estação do ano. Mas o livro de Donizete é uma fantasia própria, sua criação, não é uma narrativa indígena, nem quanto ao conteúdo nem quanto ao estilo.
Quanto ao sapo-parasita, é um mito apenas entre as dezenas dos que compõem o livro dos Gavião-Ikolen, “Couro dos espíritos”, transmitidos só pela fala há gerações, e agora finalmente escritos pela primeira vez em português. São a tradição de um povo, que há de inspirar muitos escritores, com o impacto de imagens inauditas.
Ao se apaixonar pelo sapo, Donizete homenageou os Ikolen, usando nomes de seus personagens e autores (como Piapá, um caçador mítico, Ai-Ai, um sapo, e Sebirop, um erudito e líder) e trouxe-os mais para perto dos leitores, que certamente vão ficar com vontade de ler o livro deles. Quem sabe os leitores Ikolen, que hoje são fluentes na língua portuguesa, queiram escrever ficção – talvez com trechos de poemas de Donizete, e personagens que tenham nomes de pessoas da vida do poeta.
Betty Mindlin

Texto da orelha de O Sapo Apaixonado:

Sapo-cururu
Da beira do rio
Quando o sapo grita, ó maninha
É que tá com frio

(Versão do site Jangada Brasil, Acalanto, revista on-line)

O sapo exerce grande fascínio sobre o imaginário do mundo e leva humor por onde passa. Sapos não são úteis apenas para o equilíbrio ecológico e por sua curiosa biologia da classe dos anfíbios (podem viver na terra e na água), pelas várias espécies (sapo-cururu, sapo-boi, etc.), pelo som do coaxar no brejo, e por toda sorte de utilidade, como o combate às pragas da lavoura.

O sapo povoa as histórias e a poesia, é personagem das campanhas publicitárias. Os índios o conservam em suas lendas e mitos. Viajando dentro da viola do urubu, o sapo é o famoso penetra da Festa no Céu.

O sapo apaixonado, ilustrado por Mariana Massarani, artista talentosa cujo traço conjuga humor com arte, inspira-se em uma lenda indígena e história parecida ouvida por Donizete Galvão, em Borda da Mata, Sul de Minas, de que se um sapo grudar na mão de um menino só sairá dali quando houver uma trovoada.

Não podemos esquecer que o sapo inspirou Manuel Bandeira — o poeta que foi bem-nascido menino e como os demais, feliz e brincou nas ruas do Recife de Coelho sai, não sai –, para escrever seu famoso poema aclamado modernista “Os sapos”, em que ironiza as figuras vaidosas dos meios literários. E o poeta ao final permanece no seu canto:

Que soluças tu,
Transido de frio.
Sapo-cururu
Da beira do rio…

(Manuel Bandeira, “Os sapos”)

Ana Cândida Costa

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