Robert Browning (1812-1889) fez da lenda medieval do Flautista de Hamelin o poema narrativo que é uma obra-prima da literatura para crianças e adultos. Há muitas versões da história, nenhuma como a de Browning.
A Musa Editora lançou no Brasil este livro imperdível, que se começa a ler na infância e se lê a vida inteira. Ganha-se o livro ainda criança e se vai guardá-lo para sempre. Ao ler o texto, ainda em vida, Antonio Callado assim se pronunciou: “Falta ao país um flautista de Hamelin para separar meninos de ratos e levá-los de volta ao convívio humano. Essa lenda alemã tornou-se história infantil de circulação mundial a partir do poema que compôs baseado nela Robert Browning (1812-1889). E o poema em bonita edição bilíngüe, é lançado pela Musa Editora de São Paulo. A caprichada tradução é de Alípio Correia de Franca Neto.(…)”
“Acontece, no entanto, que quando acabei de ler O Flautista de Hamelin fiquei com a impressão de ter lido, em dias recentes, uma outra história que até certo ponto parecia plagiar a lenda alemã e os versos do poeta inglês. De repente lembrei. Cerca de um ano atrás a bela cidade de Porto Alegre descobriu, entre assustada e incrédula, que dentro dos seus esgotos moravam crianças abandonadas.” [O então prefeito Tarso Genro tomou providências ao deparar com o achado]
“Como explicar o aparecimento dessas crianças estranhas, nada gaúchas, uma espécie de geração espontânea de cano de esgoto. Que fazer? Em Hamelin desapareceram ratos e crianças, separadamente, porque uma conta deixou de ser paga. No Brasil, pelo visto, ratos e crianças estão nascendo uns por cima dos outros nos esgotos. Ao flautista, se nos aparecesse, teríamos que pedir que ‘separasse’ as espécies tocando sua flauta. Assim as crianças poderiam voltar ao convívio humano.” Pagando a nossa conta, cada um de nós.
Maurice Shadbold foi a Hamelin e concluiu que as crianças desaparecidas da cidade em 1284 “nunca serão esquecidas enquanto o homem precisar de histórias para contar. O seu monumento comemorativo é mais duradouro que o mármore. Na terra sempre viva da lenda, essas crianças seguem ainda o Flautista.”
E Robert Browning ao transformar a lenda em poema narrativo para agradar Wiilie Macready, filho do empresário e ator inglês William Macready, que estava acamado, ajuda a curar com a melhor literatura as crianças doentes do mundo. E os adultos. Em todas as épocas.
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Literatura é novidade que permanece novidade, frase de Ezra Pound. Este incluiu Browning por sua obra poética e teatral consagrada, no seu paideuma da literatura universal, ao lado de Homero, Dante, Shakespeare e outros maiores. E não vamos rotular o texto do Flautista de elitista. Em sua excelência ele continua a guiar com sua flauta todas as crianças do mundo. Portanto, O Flautista de [Manto Malhado] em Hamelin é obra democrática, para os que quiserem começar a ler e conhecer o grande escritor inglês que a Musa se orgulha de ostentar em seu catálogo.