O mal em Machado de Assis

ISBN 978-85-7871-012-5
Viviane Cristina Cândido
128 páginas | 12 x 18cm
R$ 30,00

Este livro pretende tratar da relação entre cristianismo e condição humana por meio da literatura, por entender que esta, ao narrar a experiência humana, se põe adiante dos compêndios filosóficos. Além disso, literatura é assunto de sala de aula, o que põe em diálogo Educação e Religião. A obra de Machado de Assis, marcada pelo ambiente cristão, reflete na visão de mundo, muitas vezes humorada, de suas personagens, a tensão entre a instituição religiosa e a correlata ideia do bem intrínseco e a condição humana, portadora do mal.

Orelha:
Por que estudar o mal? Talvez pela constatação de ele estar sempre ao redor. Pode-se testemunhá-lo no eu e nos outros. Em se tratando de Machado de Assis, é possível detectá-lo, de forma mais evidenciada em Quincas Borba, por exemplo.
Certas recusas em perceber as evidências do mal resultam em certa idealização do bem. Bem torna-se banalidade. Todos podem ser bons, o mundo é bom, o bem é ponto de chegada para tudo e para todos. Nas religiões e nas escolas prega-se o bem… Contrariamente, se olharmos de perto, o que vemos? Alfredo Pujol conta que para Machado de Assis aconteceu o mesmo… Também a ele perguntaram a razão de estudar o mal ou, mais precisamente, buscar evidenciá-lo ao descrever os homens como são.
Depois de uma conversa numa repartição pública, o escritor teve ocasião de ouvir seu interlocutor afirmando a outrem que não valeria a pena levar adiante a conversa com um epilético… Afirma Machado de Assis a todos os que nos perguntam acerca do porquê de estudarmos o mal: “E não quer você que eu acredite na maldade humana?”…
Para tratar do mal, este livro adentra as Memórias Póstumas de Brás Cubas, valendo-se a Autora das lanternas da Filosofia da Religião e da Filosofia da Educação, em diálogo constante, para evidenciar a condição humana e as tensões presentes em tudo o que somos e fazemos – porque em relação com nossas próprias contradições e com a diferença.
Do ponto de vista da Filosofia da Educação e da Religião, consideramos que nas Memórias póstumas de Brás Cubas, memórias de um defunto autor, encontramos dois temas importantes para a compreensão da condição humana: a morte e o mal. Aqui debruçamo-nos sobre esses temas fazendo referência a autores contemporâneos e estabelecendo relações com a obra de Machado de Assis.
Juntamo-nos a Brás Cubas que reconhece os limites das instituições e dos homens, precisamente no tempo: “Invenções há, que se transformam ou acabam; as mesmas instituições morrem; o relógio é definitivo e perpétuo. O derradeiro homem, ao despedir-se do sol frio e gasto, há de ter um relógio na algibeira, para saber a hora exata em que morre”.
O tempo, por sua vez, traz a consciência de nossa miséria que está para além e independe de toda religião, toda filosofia e de todo dinheiro que se possa ter. Por isso Brás Cubas comemora ao finalizar suas memórias: “Ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: — Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria”…

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