A Retórica Antiga e as outras Retóricas: a retórica como crítica literária, de Dante Tringali

ISBN: 978-85-85653-95-8
Dante Tringali
no prelo

Texto da orelha:

Assumimos, aqui, posições polêmicas bem marcadas: “Habent sua fata libelli”… Todo livro tem sua história e seu destino.

Hoje em dia, temos que lidar com várias Retóricas, entre as quais,  destacamos a “Retórica Antiga”, as “Retóricas redutivas” e a “Retórica Semiótica”.

Consideramos, sem vacilação, a “Retórica Antiga” – consolidada por obra de Aristóteles, Cícero, Quintiliano, com todas as suas partes: invenção, disposição, elocução, memória, ação, corretamente entendidas – como a Retórica por excelência, a Retórica, como tal.

Ao afirmar a hegemonia suprema da Retórica Antiga de índole aristotélica, por isso mesmo, voltamos a vincular a Retórica com a Lógica através da Dialética. Pelo que concebemos essencialmente a Retórica como a doutrina do “discurso dialético-persuasivo”, persuasivo porque dialético.

Por isso, a Retórica não se define, do ponto de vista lógico, como uma mera arte de falar bem, como queria Quintiliano, nem como uma mera arte de ensinar a verdade, como queria Platão.
Ao conjugar, em sua “Lógica”, a Dialética com a Analítica, Aristóteles resgata o direito que tem a opinião de conviver com a certeza.

Repudiamos a leviandade dos que apregoam a morte da Retórica Antiga, pois, como sentencia J. L. Vives (1492-1540), “uma sociedade não pode, de modo nenhum, sobreviver sem justiça e sem discurso”.

Entretanto, não negamos a essa Retórica dialética-persuasiva a necessidade urgente de sempre se atualizar, como exigia Quintiliano, evitando, por uma parte, “uma admiração exagerada pela antiguidade” e, por outra parte, evitando a sedução pela “lascívia do recente” (2,5,21-22)(10,1,43).

As Retóricas redutivas reduzem a Retórica Antiga a uma de suas partes e generalizam essa redução. Por nossa conta, não concordamos  nem que a Retórica se reduza à  invenção, como pretendeu a “Nova Retórica” de Perelman; nem que se reduza à elocução, como pretendeu a “Retórica Clássica” de Petrus Ramus; nem que se reduza à propriedade da linguagem, como pretendeu a “Retórica de I.A. Richards”; nem que se reduza às figuras de estilo, como pretendeu, ultimamente, entre outras, a “Retórica Geral” e a Retórica de Barthes.

Em contrapartida, acolhemos festivamente uma Retórica Semiótica. A Semiótica enriquece a compreensão e extensão da Retórica Antiga. A Retórica Antiga torna-se então uma linguagem e uma metalinguagem. O modelo retórico aplica-se a todo e qualquer texto, em qualquer linguagem, desde que dotado de retoricidade.

Assim, apoiados no espírito da Semiótica de origem saussureana, elaboramos um modelo geral da Retórica que, ao mesmo tempo, se converte num instrumento crítico, pois todo modelo bem concebido não deixa de ser um instrumento de crítica.

Todavia, preferimos documentar, por meio de exemplos literários, o emprego desse modelo crítico da Retórica. A este propósito, esperamos não apenas que a Retórica nos forneça um modelo de crítica literária, mas de crítica literária de índole “realista” e, se ainda se quiser, realista socialista.

Finalmente, não disfarçamos mal contida reserva em face das novidades de tantas teorias retóricas modernas que se exibem como inegáveis “idola theatri“. No caso presente, ficamos com Gérard Genette:

“A volta ao antigo será um progresso”.

Sem endeusar o antigo por ser antigo, cumpre, todavia, reconhecer que nem sempre se supera a vitalidade das velhas instituições, para as quais, não raro, vale o elogio que nosso poeta faz das árvores:

“Tanto mais belas quanto mais antigas”…

Texto da quarta capa:

O intelecto humano foi feito
não só para a verdade,
mas também para a verossimilhança;
não só para a certeza,
mas também para a opinião;
não só para a evidência,
mas também para a probabilidade;
não só para Ciência,
mas também para a Dialética:
seja pelo diálogo socrático,
seja pelo discurso retórico!

Entrementes, a função da Lógica é dirigir o intelecto, de modo formalmente correto, para que ele ou alcance a verdade (Analítica) ou aceite a melhor opinião (Dialética) ou desmascare as falácias (Sofística).

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